Em um ano onde a rivalidade entre Prost e Senna começa a crescer nas pistas, a última temporada dos motores turbocomprimidos completa 30 anos
Muito antes da era Sebastian Vettel e Louis Hamilton, a Fórmula 1 já acumulou diversas disputas históricas durante os seus 68 anos.
Em 2018, a maior rivalidade da história da competição mais importante do mundo completa 30 anos, em uma temporada marcada pela hegemonia da Mclaren, o confronto entre Alain Prost e Ayrton Senna, a morte do fundador da Ferrari e a última vez onde as equipes usaram os motores turbocomprimidos, antes de substituírem pelos aspirados.
Ao todo, a temporada de 1988 contou com 36 pilotos, de 12 nacionalidades diferentes, e competindo por 18 equipes, sendo a estreia no Grande Prêmio do Brasil, com a vitória de Alain Prost, no dia 03 de abril.
O Brasil entrou na competição com três pilotos: Nelson Piquet, pela Lotus, Ayrton Senna, da Mclaren e Maurício Gugelmin, estreante na Fórmula 1, pela March.
A principal novidade daquele ano foi a chegada de Ayrton Senna na Mclaren, equipe essa que vinha de dois bicampeonatos com Alain Prost.
Apesar do clima amigável durante o evento de apresentação da equipe, a Mclaren nem imaginava que aquela dupla ia protagonizar uma das temporadas mais acirradas da competição, que trouxe a tona a maior rivalidade da história da Fórmula 1.
O francês era tido como favorito no campeonato. Há quatro anos na Mclaren, e com dois títulos conquistados pela equipe, Prost despontava como um dos melhores pilotos daquele tempo.
Em contrapartida, Ayrton Senna tinha determinação e vinha chamando a atenção das equipes pelo seu ótimo desempenho na pista, principalmente após os resultados na temporada anterior.
Inclusive, foi o brasileiro que articulou junto com a Honda, para que a Mclaren usasse os motores da empresa japonesa em seus carros.
Com um carro potente e uma equipe em ascensão, Senna estava disposto a ser campeão mundial pela primeira vez na sua carreira.
Todas essas melhorias nos carros da Mclaren puderem ser observadas durante toda a temporada, já que a equipe ganhou 15, das 16 corridas disputadas, intercalando os pódios entre Prost e Senna.
A equipe chefiada pelo britânico Ron Dennis dominou as pistas, sendo campeã pelas construtoras, e somando 199 pontos, quase o total somado dos pontos das outras equipes que participavam do campeonato.
A supremacia foi tão marcante que até hoje a equipe da Mclaren de 88 é considerada com uma das melhores de todos os tempos da F-1.
A equipe só não conseguiu uma temporada com 100% de aproveitamento (fato inédito ainda na Fórmula 1), por conta dos problemas que ocorreram durante o GP da Itália.
A décima primeira etapa da competição foi disputada quase um mês depois da morte de Enzo Ferrari, fundador de uma das escuderias mais famosas e mais potentes da Fórmula 1.
Sua morte foi divulgada apenas após o enterro do ousado e temperamental proprietário da marca italiana, uma das únicas que já participou de todas as temporadas da Fórmula 1.
A homenagem da sua equipe não poderia ter vindo de melhor forma, se não com a vitória na Itália, com dobradinha vermelha no pódio. Após uma quebra no motor de Alain Prost e um acidente entre Ayrton Senna e um retardatário, permitiram que Gerhard Berger ganhasse a prova, com seu companheiro de equipe Michele Alboreto, logo atrás.
A vitória da Ferrari levou os italianos que acompanhavam a prova a comoção, deixando um belo presente de despedida ao homem que criou um do times mais emblemáticos da história da maior competição de motores do mundo.
Apesar da rivalidade entre os companheiros de equipe Senna e Prost, o clima na Mclaren ainda era de paz. Os dois pilotos disputavam ponto a ponto o título de 88, revezando o pódio.
Porém, foi no GP de Portugal que as coisas entre o brasileiro e o francês esquentaram. Em uma disputa nada amistosa, Senna quase jogou Prost no muro, ficando com um sexto lugar e dando a vitória ao companheiro.
Apesar de ter largado na pole na Espanha, Ayrton Senna terminou em quarto e mais uma vez Prost ganhou o troféu.
Apesar de estar atrás em número de pontos, o regulamento daquele ano previa que os cinco piores resultados seriam descartados. Ou seja, das dezesseis corridas, apenas onze somavam pontos.
Antes da corrida no Japão, Prost era líder do campeonato com 90 pontos somados, que com o descarte passava para 84.
Já Senna tinha 79 pontos líquidos, e apenas iria descartar os resultados da Espanha e de Portugal. Sendo assim, a etapa do Japão poderia ser decisiva para a temporada de 88.
Antes do GP do Japão, o placar estava 7×6 para Senna. Mais uma vez Senna garantiu na classificatória a pole position, a 12ª da temporada estabelecendo um novo recorde na F-1, com Prost largando logo atrás.
Porém, o destino fez com que a disputa no Japão fosse mais emblemática do que já seria. Logo na largada, o carro de Senna engasgou, e fez com que o piloto perdesse 16 posições.
Mas a determinação do brasileiro era tanta, que logo na primeira volta, Ayrton ganhou 8 posições, e na 28º volta, já estava colado em Prost, na segunda posição. Foi justamente aí, que Senna viu a oportunidade perfeita de superar o francês e garantir a vitória no GP.
Com uma chuva fininha, Alain foi cauteloso durante toda a corrida, e com a presença de dois retardatários na frente do companheiro de equipe, Senna aproveitou a brecha para ultrapassar Prost, assumindo a liderança e garantindo seu primeiro título mundial de Fórmula 1.
Prost ainda conseguiu mais uma vitória na temporada, durante o GP da Austrália. Porém, ao final da temporada de 88, com um placar de 8×7, o clima entre os companheiros da McLaren não seria mais o mesmo, o que fez que a temporada seguinte fosse ainda mais intensa, e com uma disputa ainda mais acentuada, surgindo assim, a maior rivalidade da Fórmula 1 de todos os tempos.