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Sete motivos para celebrar o Cinema Brasileiro

No dia do cinema produzido no Brasil, veja sete motivos pelos quais você deve ficar de olho na produção nacional. Uma dica: nunca fomos tão competentes quanto agora

Contudo, festejar a produção audiovisual brasileira nunca foi tão importante. A nossa história nas telonas é repleta de vitórias e aprendizados. Filmes nacionais bateram recordes de bilheteria que deixam qualquer obra da saga Star Wars no chinelo. Minha Mãe é uma peça 3 e Nada a Perder levaram mais de 11 milhões de brasileiros ao cinema, ficando à frente de produções como Velozes e Furiosos, Avatar, Coringa e Capitão América, por exemplo. Veja sete razões pelas quais você deveria dar mais atenção ao que se passa entre as nossas fronteiras.

1 – O Fenômeno Bacurau

O filme Bacurau dos diretores Kléber Mendonça Filho e Juliano Dornelles começou a fazer sucesso no cenário alternativo. Foi no boca a boca que caiu no gosto popular. Tão diferente dos grandes filmes nacionais de sucesso como Tropa de Elite e Cidade de Deus, que nem parecia ser do Brasil. O filme chega a lembrar Tarantino pela violência, mas não perde sua brasilidade ao se passar numa cidade fictícia de Pernambuco. Há quem o ame e quem o odeie, mas é impossível não formar uma opinião. Fora o burburinho que causou internacionalmente: foi o único filme brasileiro da história a ganhar o Prêmio do Júri do renomado Festival de Cannes na França. (Disponível na rede Telecine)

2- E por falar em premiações…

Se Bacurau levou o Prêmio do Júri do Festival de Cannes de 2019, o segundo entre os sete prêmios mais importantes da competição, temos um grande vencedor pouco reconhecido pelo público mais jovem. O Pagador de Promessas, de Anselmo Duarte, levou a maior honra da sétima arte que existe no mundo: a Palma de Ouro, também em Cannes, em 1962. E por falar em Cannes, o diretor Gláuber Rocha levou Melhor direção em 1969 e as atrizes Fernanda Torres e Sandra Coveloni levaram Melhor Atriz em 1986 e 2008, respectivamente. 

Considerada uma das melhores atrizes brasileira e a única sul-americana a ser indicada ao Oscar, Fernanda Montenegro é, sem dúvida, um dos grandes tesouros do cinema nacional. Mesmo perdendo a estatueta para Gwyneth Paltrow em 1999. Sua carreira, tanto na televisão quanto no cinema, foi e ainda é ultra celebrada em todo o mundo. A lista de premiações é tão grande que você pode conferir aqui um pouco de tudo que ela já levou ou concorreu. O polêmico Tropa de Elite levou o Urso de Ouro no festival de Berlim e Cidade de Deus foi indicado a quatro estatuetas do Oscar, uma grande façanha para um filme Brasileiro filmado há duas décadas.  

3 – Atores Nacionais que abalam o mundo

Falar em grandes atuações é mencionar nomes como a já citada Fernanda Montenegro, Wagner Moura, Selton Mello, Silvero Pereira, Rodrigo Santoro, Sônia Braga e sua filha Alice Braga. E isso só para começar. Seu Jorge, Lázaro Ramos, Glória Pires, Paulo Autran, Bárbara Paz, Paulo Gustavo, Ingrid Guimarães e tantos outros marcaram presença em filmes inesquecíveis. Como esquecer o Capitão Nascimento em Tropa de Elite ou o Rei Xerxes do filme ‘300’? Aliás, Santoro foi um dos precursores em atuações estrangeiras, participando do famoso seriado Lost, sucesso dos anos 2000. Alice Braga é uma das atrizes brasileiras com maior participação em produções gringas, com destaque para Ensaio sobre a Cegueira, Eu sou a Lenda e Esquadrão Suicida. Wagner Moura fez muita gente maratonar com a série Narcos, papel pelo qual foi indicado ao Globo de Ouro de melhor ator em série dramática. É impossível citar todos, claro, mas vale sempre lembrar: há inúmeros artistas com A maiúsculo no Brasil e precisamos valorizá-los sempre. 

4- Viva a nostalgia e a bizarrice: Xuxa, Os Trapalhões e tantos outros…

Quem nunca passou a Sessão da Tarde assistindo aos Trapalhões em aventuras absurdas e inusitadas pelo Brasil? Xuxa perdendo o tênis como uma Cinderela moderna e sendo salva por ninguém menos que Sérgio Mallandro? E os filmes de Terror de Zé do Caixão que davam pouco medo, mas eram irresistíveis. Sandy e Júnior também pisaram nas telonas no filme Acquaria que é, pasmem, uma ficção científica. A dupla também já teve Didi (Renato Aragão) como uma babá atrapalhada no filme O Noviço Rebelde .Sabe aquele filme que é tão ruim que é bom? Ele existe e se chama Cinderela Baiana. Estrelado pela Rainha do Axé, Carla Peres, o filme pretende ser uma comédia romântica semi-ficcional da dançarina. Se ainda não viu, corra!

5 – Agora a coisa ficou séria

O Brasil viveu diversos momentos e fases em sua história audiovisual. Crises financeiras, ditaduras e instabilidade política acabaram sendo refletidas na sétima arte nacional. Porém, mesmo assim tivemos grandes momentos como o Cinema Novo de Gláuber Rocha, a chanchada com seu humor pastelão erótico, o cinema Marginal e acima de tudo o cinema de Retomada, aquele produzido após a ditadura militar. Filmes como Deus e o Diabo na Terra do Sol, Vidas Secas, O Bandido da Luz Vermelha, Dona Flor e Seus Dois Maridos foram feitos dentro desses contextos, cada um com sua particularidade. Vale a pena pesquisar essa história e conhecer um pouco mais sobre como chegamos até aqui. 

6- Lei do Audiovisual: agora vai!

No início do governo Fernando Henrique Cardoso começou um movimento pelo incentivo à produção audiovisual brasileira quando a Lei do Audiovisual entrou em vigor. Filmes mais bem produzidos, com qualidade técnica e incentivo financeiro começaram a surgir. Carlota Joaquina, de Carla Camurati, foi um dos precursores desse movimento pela retomada do bom cinema que era capaz de ganhar a Palma de Ouro em Cannes. Foi com Central do Brasil que o país volta ao circuito internacional de cinema, sendo, como já mencionamos aqui, amplamente premiado e comentado. O Quatrilho e O que é isso Companheiro? também são filmes dessa fase que foram indicados ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro. 

7 – De agora em diante…

Com os incentivos governamentais, maior interesse internacional no Brasil e também aumento de salas de projeção pelo país transformaram a rotina do brasileiro. Ir ao cinema passa a ser algo habitual para uma considerável parcela da população. As Redes internacionais Cinemark e Cinépolis chegaram ao Brasil e grandes produções começaram a entrar em cartaz ao mesmo tempo que em outros países. A Globo Filmes produziu os filmes de maior bilheteria e arrecadação nacionais como as séries Minha Mãe é uma Peça, de Pernas para o Ar e Se eu fosse você. Com a pandemia do novo Coronavírus fica difícil prever qual será o futuro do audiovisual. Contudo, vale lembrar que grandes movimentos cinematográficos mundiais surgiram após grandes catástrofes, como o Neo-Realismo Italiano e a Nouvelle Vague francesa. O Cinema voltará, mesmo que hoje você não possa ir a um, pare para pensar na primeira vez em que viu um filme na sala escura. Foi mágico, não é mesmo? 

Único filme brasileiro a ganhar a Palma de Ouro no Festival de Cannes

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